Conheça: Teotônico

Sou filho de artistas e cresci no meio de artistas, sempre incentivado a ouvir muita música. Desde pequeno ia em muitas festas com meus pais, em todo tipo de lugar. Fui crescendo, e a música sempre teve um papel muito central na minha vida. Com meus pais, ouvia de todo tipo de música, brasileira, internacional, do mais mainstream ao mais underground. 

Houve uma época em que eu ouvia muita marchinha de carnaval. Depois, muito pop americano, por onde aprendi a falar inglês. Em 2018 comecei a ouvir muito rap, e meu gosto musical se modificou totalmente, estudei bastante sobre hip hop. Em 2022, me deparei com BRIME, Puterrier, SD9 (entre vários outros), e fui conhecer mais sobre a cena do grime em Londres e o que tava rolando com essa fusão aqui no Brasil. Foi a porta de entrada para uma pesquisa infinita de música eletrônica. Me apaixonei por jungle, garage, dub. E tento manter minha busca sempre ativa, tentando conhecer sempre o máximo possível de música.

O Guab é um dos melhores amigos do meu pai, desde pequeno. Ele é um dos meus padrinhos. Acho que vale contar uma curiosidade aqui. Lá em 2004, ano em que eu nasci, ele criou uma festa semanal chamada Mixtape, aos sábados à noite no Milo Garage. Ele fazia pôsteres com fotos de amigos pra cada edição da festa, e para uma edição quando eu estava quase completando dois anos, assim como a festa, ele usou uma foto minha, com uma camiseta que eu tinha, escrito Mixtape. Vou te mandar a foto. E mais recentemente, nos reconectamos e ele começou a me ensinar a discotecar, meio que completando esse ciclo de quase duas décadas.

Gosto do jeito que a música age na gente. E gosto de pensar que é a forma de arte com mais ampla subjetividade. As reações, conexões que cada pessoa tem e faz ao ouvir uma música é única. Seja por ser parecida com outra música já conhecida, em uma outra língua que você conhece, por te lembrar de um momento, de um sabor, de uma memória, de alguma pessoa, coisa, animal. E de uns tempos pra cá, com o contato com a música eletrônica, que é recente, fui criando essa vontade de discotecar, de juntar 2, 3, 4 músicas de uma vez, somando todas as sensações que cada uma delas passa. Pra mim, música é sentimento, e a mais pura e criativa forma de arte.

Não me via como uma pessoa muito criativa, com a capacidade de criar algo novo. Mas ao discotecar, consigo criar a partir da soma, alterando e juntando músicas que eu amo, ou simplesmente fazendo uma sequência que conte uma história. E acredito que essa soma não se dê só pelos elementos musicais das faixas, mas também pelas sensações que elas têm em si, ou que criamos em nós mesmos.

Eu preparei esse set com a intenção de mostrar um pouco de tudo que eu escuto. passeando por vários gêneros, com a maioria das músicas sendo de artistas brasileiros independentes, quis fazer uma fusão entre o que há de mais moderno e mais clássico na música brasileira. uma viagem temporal de música brasileira eletrônica.

Estou bem feliz de tocar pela primeira vez num rolê especial desse. Apreensivo, mas animado. Acho que tocar é uma maneira gostosa de transmitir pros outros um pouco do que eu sinto ouvindo as músicas que eu gosto.

Num futuro próximo, pretendo fomentar e aprimorar esse meu interesse pela discotecagem, que me permite fazer algo de novo com essa minha paixão pela música, e ampliar sempre meu conhecimento em relação a isso.