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Alexandre Matias conta história do Inferninho Trabalho Sujo e promete novidades para setembro

O último Inferninho Trabalho Sujo (18), festa carimbada das noites de São Paulo, marcou presença na Ocupação Fervo pela primeira vez e foi palco dos shows das bandas Tubo de Ensaio e Tutu Nana.  Alexandre Matias, organizador, contou sobre a origem da festa e sua importância para divulgar novas bandas no período pós-pandêmico.

22 de julho de 2025

Texto: 

Matheus Cerullo (@matheus_cerullo_rock_) e Vito Forini (@_.ilegas)

Imagens: 

Matheus Cerullo (@matheus_cerullo_rock_)

Sua relação com a articulação de eventos para bandas começa em 2017 quando foi curador do Centro Cultural de São Paulo, posto que ocupou até 2019. Nele, Alexandre tinha uma programação gratuita voltada para grupos chamada de “Centro do Rock”. Ele destaca como a música contemporânea se comporta, geralmente com projetos encabeçados por uma única pessoa, o que torna tudo mais fácil de gerenciar e de ser pago. Isto também é reflexo do avanço de equipamentos para gravações caseiras com uma pitada do culto a celebridades e o individualismo estrelar das redes sociais. De alguma forma, parece promissor ter um contraponto a este movimento, com diversos jovens se reunindo para fazer um som. “Em 2019 a Sophia (vocal da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo) me chamou para divulgar o trabalho da sua banda e comecei a sacar que tinha uma geração de vinte anos que estava voltando a fazer banda e curtindo isso.” 

A GÊNESE DO INFERNINHO

Então veio a pandemia em 2020, afetando as casas de show e espaços onde os músicos independentes conseguiam realizar seus trabalhos. Na ocasião, tudo era muito incerto e o futuro parecia pessimista para Alexandre, chegando a imaginar que toda uma geração iria perder o interesse pela música. Felizmente, o período de quarentena não foi tão longo e as pessoas voltaram a se interessar em fazer shows, agora com o diferencial de terem vontade de sair para conhecer novos rostos e lugares, levando em consideração que agora já sabem a importância dessa vivência, sempre com uma pontada de medo de perdê-la. 
O Inferninho começou em 2023 como um convite de Rafael Castro para Matias discotecar quinzenalmente no Picles sempre em quintas-feiras, fazendo sua estréia com um dos nomes mais reverenciados da cena, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Logo em seguida partindo para um show com a Pelados e tomando um grande risco com os mineiros da Varanda. Em 2024, começou a ver a necessidade de mudar os shows para as sextas por ser um dia onde mais jovens, saídos de seus trabalhos e ocupações, conseguem comparecer em peso. Como o inferninho é uma aposta em bandas diversas, com vários níveis de reconhecimento, conseguiu se estabelecer no Picles com apenas uma sexta no mês. A solução foi expandir o evento para outras casas de show, conseguindo mais duas datas fixas, uma na assombrosa Porta Maldita e outra no Redoma, ficando com uma sexta-feira livre no mês, agendando shows em lugares diversos ou descansando, a exemplo do convite feito pelo Fervo, onde marcou presença pela primeira vez no dia 18 de julho.

OS PRÓXIMOS PASSOS DE ALEXANDRE

Agora seu objetivo é expandir o Inferninho e seu trabalho sujo - árduo na verdade - para fora na zona oeste de São Paulo e até mesmo outros estados, como o show que fez em Brasília. Ainda deixou escapar pelo canto da boca que está preparando algo bem especial para setembro, mirando em algo maior e com mais bandas. Sem dar mais detalhes, Alexandre nos deixou apenas curiosos com o futuro de seu trabalho, mas destacando que apesar de qualquer coisa, sua intenção não é fazer com que a festa cresça absurdamente. 

A exemplo do show gratuito que fez na altura da entrevista, claro que o dinheiro é importante, porém sem deixar de lado a troca de experiências entre artistas e a oportunidade de abrir a cabeça do público com um som variado. Sempre trazendo bandas que compõe a mais nova geração da música independente, com o som progressivo e experimental da Tubo de Ensaio, junto do estilo sombrio e estrondoso do Tutu Nana. 

Este é o Inferninho, um show pensado com o propósito de conexão entre diversas bandas e artistas, preferencialmente com diversos estilos musicais envolvidos. O trabalho de Alexandre Matias se constrói nesse esforço dantesco e orgânico de conhecer coisas novas e acompanhar o que rola na cena musical. “Para mim o grande barato da vida é esse. Acho que não é só o meu trabalho, eu tento fazer isso na vida como um todo. Tento me conectar com coisas que eu quero, conhecer coisas que eu não conheço. Pode ser que seja legal e se não for… Pô, vejo que não era isso o que eu estava querendo e sigo para a próxima.” 

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