Cobertura

Repórteres independentes paulistas desembarcam no Rio e encontram "Paraíso Eletrônico" perdido

Coletivo de Dj's cariocas organiza mini festival underground.

12 de março de 2023

Imagens: 

@silly_ze

De repente, Rio: Desconhecido Juvenal visita terras cariocas

Na busca de novas matérias e formatos para o jornal, surgiu esta ideia um tanto arriscada: fazer uma cobertura longe do nosso habitat natural. A princípio, o destino era tão incerto quanto a possibilidade de realmente fazer algo neste gênero pseudo turístico.

Porém, de alguma forma mágica e estranhamente irônica, apareceu uma oportunidade de ir para a cidade maravilhosa. Sem muito a perder, nossos correspondentes foram ao Rio de Janeiro desbravar estas terras até então desconhecidas por nós.

Com alguns contatos na agenda e "picos" em mente, adentraram na cena carioca e procuraram aquele que seria o rolê perfeito para uma matéria do Juvenal.

E não é que eles conseguiram?

Cadê os Juvenais?

A cena underground é bem diferente no Rio de Janeiro. Para nós, é um ar novo em comparação à capital paulista. Desde a forma em que se organizam, reúnem e se divulgam, são pequenas diferenças reunidas nesta teia de eventos, bares, brechós e feiras se amontoando na pequena grande metrópole, formando este grande retrato da diversidade cultural carioca.

Tá, mas cadê a porta?

Durante a primeira semana de estadia em terras cariocas, nossos correspondentes se depararam com um flyer que esteticamente remetia muito aos do paulista Blackhole. Porém, na line-up somente Djs, como Diane 35, Efron, DJ Sued, Taylor S. e 117th.

Com hard trance, hardcore, techno e experimental, além de projeções ao vivo feitas pela Atman, este era o Síndrome.

Porém, imprevistos aconteceram. Para a surpresa de poucos, nossos correspondentes se perderam em Botafogo, num vai- e- volta de meia hora, procurando a porta do tal dito Clube 63. As ruas estavam cheias, os bares de esquina tocavam samba e os grupos de bêbados que cercavam a calçada, escondiam uma pequena entrada, (sem placa,) que levava ao evento.

A porta é aberta e, por trás dela...

um corredor extenso que leva ao interior do inferninho carioca. Luzes vermelhas tomam o ambiente junto de uma singela pista de dança, no maior estilo de um piso que brilha em “Os Embalos de Sábado à Noite”. O local é bem ventilado, possui dois andares e um fumódromo atraente, com sofás de couro e um gatinho muito fofo que fica pedindo carinho aos estranhos que passam ali para fumar. 

Após cumprimentar brevemente os organizadores, nossa dupla tenta se engajar em uma entrevista com o DJ Efron. Porém, ele se encontra indisponível no momento, talvez devido ao uso de uma tal substância lisérgica, que começa com L e termina com SD. Mas daqui a pouco a gente volta nisso.

Devido ao som extremamente alto e frenético, é difícil de conversar numa balada. Mas não ao ponto de impedir uma entrevista, que por sorte, nossos correspondentes conseguiram.

Dentre as conversas, uma em particular se destaca: ao sentar para fumar um cigarro, se deparam com a Diane 35 (dj), e começam a falar brevemente sobre as plataformas de streaming e as dificuldades que cada uma apresenta. 

Entre esse e outros papos, o fumódromo se enche aos poucos e o som começa a ficar mais próximo dos fumantes que lotam o pequeno espaço.

Mas e o pessoal?

Aos poucos, o público chega e uma atmosfera elétrica se forma. Todos se encontram em sintonia com seus looks e acessórios, como se estivessem em uma festa só para os chegados que conhecem o caminho secreto para o Clube 63. 

O som é alto, e as batidas pesadas., As caixas chegam a tremer e estremecer a cada música tocada, conforme o decorrer da noite. As imagens que passam no telão progressivamente se distorcem e se tornam magnéticas. As músicas acompanham essa metamorfose audio-visual.

Entre o vai-e-volta de DJs e sets, vê-se uma similaridade nas baterias, que apesar de escondidas entre pitches altos e baixos estourados, remetem ao funk carioca.

Cheio de personalidade e energia, os sets consomem o público rotativo. Da pista de dança ao fumódromo, o fluxo de gente aumenta conforme os sets demandam mais e mais do fôlego dos fumantes presentes.

Fun Facts

Algumas coisas engraçadas que aconteceram durante a noite, como o fato de que um dos DJs desapareceu durante o evento, levando dezenas de pessoas a acharem que um de nossos correspondentes era o próprio desaparecido. Uma situação tão surreal que levaria qualquer um ao delírio de se imaginar atrás da mesa, tocando um set totalmente improvisado para um público completamente alterado. 

Quem pôde experimentar efetivamente tal delírio foi Efron, citado aqui mais cedo, e que já se encontrava em outra dimensão. Escondido atrás de um boné, começou seu set com uma batida mais "soft" que foi evoluindo junto de sua brisa lisérgica. Cada vez mais pesado e acelerado, em conformidade com a fritação do seu cérebro, o bpm elevado e o grave pesado foram consumindo todos na pista aos poucos. Após alguns minutos de apresentação, era possível ver o boné caindo e o som subindo, como uma estaca batendo no chão. O público se arrastava ao batidão. 

Mas não adianta apenas falar. Experiências como essa precisam ser vividas. E, assim como “invadimos o Rio”, esperamos que toda essa energia fluminense também tenha espaço para fincar suas raízes em São Paulo

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