Danny D' Weirdo apresenta: "Wellington", o novo single do trio de esquisitos

Seguindo a introdução do EP, “Wellington” é um post-punk noise que aborda as reflexões que testemunhar um suicídio pode provocar. Contudo, é importante ressaltar que “Wellington” não é o suicida e nem a testemunha. “Wellington” pode ser, sem exagero, qualquer pessoa. Assim, atracando-se muito mais a noção geral de sociedade e dificuldades de sociabilidade por ela provocada, do que a um ego em específico. 

O single foi masterizado e mixado pelo estagiário e começa com uma sonoplastia sinistra e escura, que é preenchida por uma batida monolítica e seca característica do post punk. Os ruídos de fundo, combinados com a guitarra e o baixo distorcidos, criam uma atmosfera tensa e trágica. A letra é complexa, abstrata e auto-depreciativa, levando o ouvinte em viagem delirante pelos pensamentos confusos e intrusivos de uma testemunha de suicídio. As passagens de noise puro, cheias de dissonâncias, sirenes e zumbidos, tornam a audição uma experiência desesperadora, que constantemente relembra situações limite. No final, tudo se intensifica e os instrumentos são descaracterizados em vespas gigantes que cobrem o céu e homens cruéis que brutalmente martelam sinos agudos. A sobreposição caótica de tudo isso resulta na impressão de se estar ouvindo um grito incessante ao fundo.

Seu videoclipe possui uma animação macabra, com diversas fotos piscando do quarto do Vini. A intimidade ali retratada de maneira grotesca é uma tentativa de provocar um desconforto em quem assiste, expondo-os à sensação do abandono. Isso se dá porque Danny está cansado de ouvir sobre acolhimento, que ele considera ser uma grande mentira. Afinal, todos estamos abandonados e por isso devemos falar sobre.

A capa tanto do EP quanto do single foi criada pela artista visual Duda Massari. O resultado final é uma abstração da ideia de um rosto, somada às pesquisas artísticas de Duda. Sendo assim, a capa de “Wellington” representa apenas uma dentre as muitas interpretações do que significa "rosto".

Em sua totalidade, “Wellington” aborda a questão do abandono e suas várias consequências, sendo o suicídio apenas uma delas. A partir da experiência testemunhada, surgem reflexões sobre a culpa de não ter agido antes. Esses eventos em cadeia são resultado direto da tendência atual de super individualização da sociedade e da homogeneização dos problemas pessoais. Nesse contexto, a representação máxima da individualidade é o nome, que é ironizado na escolha do título da música. O restante é metafórico e abstrato, simbolizando o caos e a brutalidade da modernidade em unir infinitas subjetividades em um único rosto.